domingo, 10 de fevereiro de 2013

O SAF - SISTEMA AGROFLORESTAL


  EXTRAÍDO DO GLOBO ECOLOGIA


02/07/2011 06h49 - Atualizado em 13/09/2012 16h19

Saiba o que é e como funciona um Sistema Agroflorestal (SAF)

Misturar espécies agrícolas com florestais tem sido uma alternativa para investir em áreas degradadas e recuperar florestas da Mata Atlântica

agroflorestas desenho 5 anos (Foto: Divulgação)Projeto de agrofloresta (Ilustração/Divulgação)
Muito se fala sobre a destruição das florestas pelo homem e sobre os riscos que a agricultura apresenta aos biomas nos quais ela é implantada. Mas nem tudo está perdido. Muito, aliás, anda sendo recuperado através de um sistema de produção que estimula a plantação de espécies agrícolas e florestais em uma mesma área. O Globo Ecologia deste sábado fala um pouco sobre o Sistema Agroflorestal, também conhecido como “SAF”, que vem tornando possível a produção de grãos, frutos e fibras com o cultivo de diferentes espécies e incentivando agricultores na recuperação de áreas florestais no Brasil. Com a ajuda de órgãos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), esses homens estão tornando possível o sonho de viver da própria produção sem fazer mal à natureza.
“De Norte a Sul do Brasil, muitas áreas desflorestadas da Região Amazônica e da Mata Atlântica estão passando por esse processo de recuperação. A Embrapa faz o monitoramento de algumas dessas áreas por meio de satélites e, com as imagens, conseguimos saber a distribuição espacial dessas agroflorestas e monitorar sua evolução, subsidiando assim o planejamento do agricultor. Fornecemos ainda o arcabouço técnico-científico para algumas políticas públicas de incentivo à implantação de sistemas agroflorestais, a exemplo do PRONAF Florestal (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)”, explica o engenheiro florestal Édson Bolfe, pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite.
Exemplo de área SAF em Tomé-Açu, PA, com 3 anos (Foto: Divulgação)Exemplo de área SAF em Tomé-Açu, no Pará,
com 3 anos (Foto: Divulgação)
Normalmente, parte do próprio produtor buscar alternativa para produzir nas áreas e recuperá-las. Em muitos casos, isso acontece quando eles se dão conta de que os espaços onde costumavam cultivar uma cultura ou que destinavam à pastagem estão degradados. Quando a opção é investir em uma agrofloresta, o agricultor tem grande chance de extrair disso benefícios econômicos, com a venda de seus produtos; e sociais, porque isso caracteriza sua fixação no campo. Para o meio ambiente, os benefícios são diversos:
“A implatação de agroflorestas faz com que a biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora, se eleve automaticamente. Num SAF, também se vê o acréscimo de matéria orgânica no solo, diminuindo a erosão do solo dessas áreas. Ou seja, a quantidade de sedimentos que vão para os rios são menores. Há um significativo aumento da biomassa e do carbono fixado. Conforme a região, um hectare de pastagem degradada possui aproximadamente 2 toneladas de carbono acima do solo, já um hectare de agrofloresta pode chegar a 100 toneladas.”
O sistema que promove a integração de florestas com a agricultura pode ser implantado em qualquer bioma de qualquer região. Para que os agricultores tenham resposta rápida, o ideal é que escolham espécies típicas de sua região. E misturar espécies agrícolas, gramíneas, arbustivas, frutíferas e florestais é permitido. O agricultor só precisa estar preparado para o tempo no qual cada uma vai se desenvolver e produzir.
Exemplo de área SAF em Tomé-Açu, PA, com 24 anos. (Foto: Divulgação)Exemplo de área SAF em Tomé-Açu, no Pará,
com 24 anos. (Foto: Divulgação)
“É diferente de uma monocultura, onde o foco e a implantação de uma cultura única, como por exemplo, milho, feijão, banana, cacau, açaí ou seringueira. Quando se planta tudo ao mesmo tempo, em geral, no primeiro ano o agricultor vai colher milho e o feijão. Já as espécies frutíferas produzem no segundo ano e as florestais nos anos posteriores, conforme as condições do solo e clima da região. Tudo isso forma uma composição diversificada”, conta Édson Bolfe.
Uma grande vantagem para o agricultor é não precisar lidar com “pragas e doenças”. Como a biodiversidade é elevada, dificilmente elas atacam espécies presentes em agroflorestas:
“Se aparece uma lagarta, por exemplo, rapidamente um passarinho vem comê-la. Chamamos isso de controle biológico. Dessa forma, os agricultores não precisam utilizar agrotóxicos e podem vender seus produtos como orgânicos”.
Para diferenciar uma floresta de uma agrofloresta é só verificar a quantidade de espécies presentes na área e sua distribuição espacial na região:
“A agrofloresta possui em torno de dez a vinte espécies. Já uma floresta natural possui centenas de espécies por hectare. Utilizando ainda as imagens de satélite podemos ter uma visão sintética da distribuição espacial dessas áreas, produzindo informações e mapas que são fundamentais no planejamento do uso da terra e em processos de tomada de decisão para o agricultor e para os órgãos públicos”.
 

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